“RIO Quem Dera ou VALE Fértil do JÁ?”

 Ao verem essas expressões tão diferentes, vocês devem está se perguntando o que elas significam, já que ambas são tão incomuns no nosso cotidiano. De fato, são dois vocábulos atípicos mesmo, mas a reflexão que eles trazem é mais que comum em nossa vida.

O rio Quem Dera é aquele que achamos que nos separa de uma vida boa:

- Quem dera eu tivesse tempo eu cuidaria mais de mim;

­Quem dera eu tivesse mais dinheiro eu teria mais liberdade;

­Quem dera eu fosse rico eu ajudava mais os necessitados;

­Quem dera... Quem dera... Quem dera.

Muitos de nós passamos quase, ou, a vida toda na beira desse rio, esperando que as coisas aconteçam sem movermos uma palha. Colocamos a culpa nas estruturas sociais, no meio em que nascemos e crescemos, ou em qualquer outra coisa, menos em nos mesmos; menos na possibilidade de não reconhecer que apenas nós podemos gerar a nossa felicidade. Somos autores dela, não dá para fugir disso; não podemos deixá-la nas mãos de terceiros, e se isso acontece ficamos por muitas primaveras sentados na beira do rio Quem dera, tendo a possibilidade de não despertar  a tempo, ou nunca,  para a tomada da realização dos nossos quereres e sonhos.

Quando, porém, passeamos incessantemente pelo Vale fértil do Já, passamos ter a visão que podemos tudo quando nossas atitudes em relação ao que queremos mudam. Não nos boicotamos mais; tomamos consciência de que fazíamos isso, mas decidimos não mais fazê-lo, e então não culpamos mais o outro por conta da nossa infelicidade, pois sabemos que nos somos os únicos responsáveis por ela.

Ao frequentar esse vale, adquirimos autoconhecimento, e como consequência disso nos despertamos para autocuidado, logo uma boa autoestima. O vale nos permite rever as nossas fraquezas e as feiuras que carregamos interiormente, mas ele, também nós dá, principalmente, a visibilidade de que podemos ressignificar os nossos sentimentos, as nossas emoções e nosso jeito de ser, e assim, ter o que desejamos ser e possuir tanto psicologicamente como materialmente, e não mais se frustrar por não conseguir o idealizado, o desejado.

Contudo, é interessante passar, às vezes, pelo rio Quem Dera, pois essa expressão nos diz “como seria ótimo se isto fosse verdade", e desse significado pegar o “fosse verdade” e trazê-lo para nosso plano  consciente de que pode ser real,basta querermos de verdade, e então começar  a trabalhar nos movimentos de ações que isso irá gerar em nós. O que não podemos, de forma alguma, é sustentar a visita desse rio constantemente, para não correr o risco de fixar, nele, as nossas raízes.

Ancorar nossas vontades, nossa vida, nossa essência, só no Vale Fértil do Já.

E eu, e você e nós estamos sentados na beira do rio Quem dera, ou, de pé no vale Fértil do Já?

      

LEIDIANE DA SILVA PEREIRA ­ CULTIVADORA DA LEITURA, DO AUTOCONHECIMENTO E DA AUTOLIBERDADE­ GRADUADA EM LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURAS PELA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB). ESPECIALIZADA EM LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS (FAEC). PROFESSORA MUNICIPAL DE CONCEIÇÃO DO COITÉ FAZ-SE, TODOS OS DIAS, SER UMA PROFESSORA INTERESSADA. AMANTE AOS ESTUDOS DAS EMOÇÕES E SENTIMENTOS BUSCA, POR MEIO DELES, O ENCONTRO CONSIGO MESMA.