Calmaria & Tempestade

 

            

A vida passa rápido; cada dia ela se vai aos poucos, em cada milésimo de segundo. No seu ritmo, no seu próprio tempo. Eu acho que a gente não vai somando os dias nem os anos; penso que a gente vai gastando. Me parece que por mais que a gente conte o tempo cronológico pra frente, eu sinto como se o tempo funcionasse ao contrário. Tipo de trás pra frente mesmo, como uma ampulheta que vai "gastando" as areias do tempo independentemente da posição que for colocada. A areia da ampilheta muda de um polo a outro e o tempo é mensurado pelo movimento. O tempo é a mudança de um polo para outro polo. Talvez por não pensar esta dimensão do tempo que (super) valorizamos tanto a perspectiva cartesiana, numericamente demarcada como se fosse a única possibilidade de tempo.

A contagem numérica do tempo é  necessária para a sobrevivência da vida social, porém pensar o tempo para além de dias e horas - para além de calendário e relógio - é primordial. Quando se fala em "planejar" o tempo ou fazer "gestão " do tempo,  muitas vezes se busca dominar o calendário e o relógio e talvez o foco seja outro. Talvez precisamos de um tempo no tempo. Isso mesmo! Talvez precisamos viver um tempo sem o domínio do calendário e do relógio. Talvez estamos viciados em calendário e em relógio e talvez por só pensar esse tempo a gente não consiga viver outras perspectivas de tempo.

Meu convite hoje é a gente pensar o tempo "areia da ampulheta", pensar o tempo de um movimento da vida que não cabe nos limites dos dias e no mês.  E sonhe grandeeeee! Viva esse tempo de movimento que não cabe nos limites de um mês. Vamos avançando, vivendo um tempo de cada tempo no tempo particular de cada um. Quanto ao tempo de agora, dê um tempo. Se puder, tire o relógio por um tempo. Se puder, viva um tempo em outra lógica de tempo e experimente o seu próprio tempo.

@iaranancy