Vivemos a esperar?



Me pego frequentemente pensando nisso. Ainda mais após esse período de reclusão. Tínhamos tudo à nossa disposição, tal qual em prateleiras de supermercado: água do mar, café com os amigos, compras, pessoas, sorrisos, rotina, que muitas vezes é dita como a vilã da vida, mas num estalar de dedos de Thanos (Para quem assistiu os Vingadores), tudo desapareceu.

Thanos, resumidamente é um titã gigantesco, insano e muito forte, que para evitar um colapso do mundo, como falta de recursos, destruição do planeta e superpopulação, dizima metade dos seres vivos da Terra. Chega a ser irônico a semelhança desse momento no filme com o que estamos vivendo. Luta-se diariamente contra um vírus de 125 nanômetros, só visto em microscopia eletrônica de formato esférico, cheio de espículas, se constituindo uma coroa, daí veio seu nome Coronavírus, como disse Malachias, médico cardiologista, esse vírus é coroado rei e possui seis titânicos poderes: difusão, replicação, mutação, invasão, infecção e inflamação. Atrevo-me a acrescentar mais um: solidão. Voltando à analogia com o filme, ambos possuem o planeta vazio, com as pessoas que restaram, tentando se adaptar a uma nova realidade. Opa! Somos nós? Chegaria a ser hilário se não fosse tão triste.

Viver com a solidão, desprovido de toque, abraços, carinho, pessoas, sorrisos é muito difícil, mas repito aqui a questão inicial dessa conversa, não estávamos esperando isso? Não é de hoje que ouvimos que estamos cansados, que precisamos parar um pouco, que o tempo tá passando rápido demais, que as famílias não se encontram, que os bate papos hoje se dão através dos aplicativos de conversa e mais um monte de frases dessas, que tenho certeza que você também já escutou. O reizinho aí chegou trazendo tudo isso ou não?

Deixo a pergunta para vocês responderem. Cabe-me aqui, voltar à espera. Quando tínhamos tudo esperamos tempo, quando temos tempo esperamos a pandemia acabar, quando a pandemia acabar continuaremos a esperar... Poxa, aqui vai um conselho, sem nem mesmo pedirem: Não existe momento ideal, não existe cenário perfeito, não deixe de aproveitar os momentos com os seus, não deixe de tomar um banho de chuva, se jogue em algo novo, vista a roupa nova para comprar pão, como diz o escritor Jarod Kintz “Eu não vou esperar que meu cabelo fique branco para me tornar paciente e sábio. Não, eu vou tingir meu cabelo hoje a noite”. É assim que espero e desejo viver diariamente, tingindo o cabelo de todas as cores.

Larga de mão essa besteira de esperar para viver, de ter isso ou aquilo para se sentir feliz e grato. Aproveita esse seu tempo, se reconheça, se conecte com algo que te faça sentido, sorria para as pequenas belezas que estão a sua volta. Talvez não tenhamos o mesmo mundo como era antes, mas temos a oportunidade de viver sem esperar, quer algo mais extraordinário que isso?!

Eliene Coutinho de Lima Santiago. Formada em letras pela UNEB.  Lecionei por 28 anos.  Psicanalista e psicopedagoga!

Estudando  e pesquisando sobre comportamento humano!



Comentários

  1. Eliene parabéns , muito boa essa reflexão e que sirva de combustível para muitos sairem da inércia quando tudo isso acabar .
    Amen mais visitem seus amigos familiares entes queridos e não esperem um velório para um último e solitário encontro.

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  2. Uma reflexão belíssima. Nos leva para além de onde estamos e nos proporciona mudança no pensamento e na atitude.
    Amei...❣️💃

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